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Série: "Ocultações e espelhamentos", 2000 - 2010

As pinturas não têm títulos individualizados, pois o conjunto pictórico  me remete ao encontro das memórias contidas nas águas. Pertencem à ordem do silêncio, uma ordem congelada como propicia matericamente a própria cera, como se o tempo estivesse estagnado...

O encobrir e o des-cobrir, o construir e o des-construir, o fiar e o des-fiar, formataram  polípticos, onde crio possibilidades de tensão ente o vivo e o inerte, entre o ser e a ausência, entre o indivíduo e o objeto, uma coleção de segredos congelados, numa espécie de recortes de uma infinita peregrinação, pois os pigmentos foram recolhidos nos lugares onde  finquei uma estação como lugar de passagem. Sob esta óptica conceitual, intencionalmente, utilizei placas de metal amarelo (latão) e branco (aço), para dialogarem com as obra e criarem a possibilidade de cada observador colocar também a sua própria imagem, reportando-me aos metais usados nas ferramentas de  oxum e iemanjá.

Teci nessa série também  “Corações  de fibra” , e criei a obra “renda-tempo”. Nessas, trago  a fibra, no sentido polissêmico: fibras do coração,  do material utilizado e  como força das mulheres africanas que conheci. Utilizei  inúmeros bordados como viés da água como lugar de memória, pois quando observo os corais estrelados, as águas marinhas, as esponjas calcáreas, os radiolários, fico a imaginar que os bordados tiveram o mar como referência.

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